O Lucky Luke de Ralf König


A Seita publica mais um volume da série Lucky Luke (vu par...), Os Choco.Boys, escrito e desenhado pelo alemão Ralf König e publicado originalmente em julho 2021 pela ‎Egmont.

Lucku Luke: Os Choco-Boys; 64 págs., capa dura, 28,5 x 21,5 cm, cores, 16,95€, A Seita, Maio 2022

Escreve a editora:

Até um cowboy precisa de férias, e quando o cowboy é Lucky Luke, as coisas nunca são simples! E guardar vacas em campos verdejantes também não vai ser simples. São vacas suíças, cheias de leite e são… lilases? Sim, o Velho Oeste descobriu finalmente o chocolate suíço, mas nem por isso deixam de existir outras ameaças, desde caçadores de autógrafos, tão problemáticos quanto os caçadores de recompensas, ao velho chefe Sitting Butch da tribo dos Chicory, e aos pobres cowboys solitários Bud e Terrence, cuja busca por simples afecto vai causar o caos na perigosa cidade de Straight Gulch.

Ralf König é um grande admirador de Morris desde a sua infância, e Calamity Jane foi uma das primeiras histórias de banda desenhada que König leu com entusiasmo, e também por isso a lenda da espingarda amaldiçoada não ia faltar nesta homenagem ao cowboy que dispara mais rápido que a sua sombra. Um livro que derrete na boca de tão divertido que é… Como um chocolate suíço!

Ralf König

Os Choco-Boys
é o quinto (e o último!) dos volumes da colecção “Lucky Luke visto por…”, a nossa colecção de homenagens ao cowboy que dispara mais rápido do que a sombra, criadas por alguns dos nomes maiores da BD franco-belga e… alemã, o que diz muito da imensa popularidade da personagem na Alemanha, e da vontade dos criadores alemães de trabalharem com ela. Depois de Matthieu Bonhomme, Mawil e Guillaume Bouzard, encerramos a colecção com chave de ouro e com um livro de um dos ícones da BD gay, humorística e irreverente, Ralf König, que há mais de três décadas defende os direitos dos homossexuais, não sem gozar com eles e com todos os mitos à sua volta.

Mas desenganem-se os leitores que estão à espera de uma “desconstrução” do herói de Morris, ou de uma BD que não seja fiel à sua memória, e que não o trate com a simpatia e respeito devidos. Mesmo rodeado de cowboys gays, Índias queer, pistoleiros com nomes como Cliff Hanger e Ness Quick, ou vacas lilases, Lucky Luke não deixa de ser Lucky Luke.

“Não, na verdade nunca imaginei o Lucky Luke como homossexual, mesmo que apenas reprimido. Para mim, ele é alguém que reprime os sentimentos todos em relação a todas as pessoas. Gosta apenas da solidão, do Jolly Jumper e dos pores-do-sol. E para ele chega. Os homens desse tipo estão em vias de desaparecer… Acho-os irresistíveis! Poderia facilmente apaixonar-me pelo Lucky Luke… E ia sofrer terrivelmente!”, ironiza König. E neste volume Lucky Luke vai enfrentar os machistas e os moralizadores todos que aterrorizam o Velho Oeste, e devolver a todas as personagens o direito ao amor e à diferença!

Nascido em 1960 em Soest, Ralf König desenhou demasiados Patos Donald na infância e, após um período demasiado curto como aprendiz de carpinteiro (isto de acordo com os pais), foi inesperada e subitamente admitido na Escola de Artes de Düsseldorf, onde conseguiram que se portasse bem ao longo de 5 anos, fornecendo-lhe aguarelas, plasticina e livros para colorir. Os professores nem deram por ele, mas fartou-se de ilustrar banda desenhada. Apesar de uma predisposição para o mesmo sexo e um excesso de imaginação comprovados, libertaram-no após dez semestres. Desde então, tem massacrado o público alemão e do estrangeiro com as suas figuras hedonistas e desinibidas de nariz abatatado, o que, em 1993, lhe mereceu a acusação do Escritório do Bem-Estar da Juventude Bávaro de normalizar a homossexualidade e discriminar a heterossexualidade (a liberdade artística safou-o dessa). Ralf König vive e faz os seus rabiscos em Colónia, felizmente sem ser molestado pelas autoridades.

“A população do faroeste era bem mais heterogénea do que se pensa. O mito da promessa de liberdade do Oeste atraiu pessoas de todas as cores do mundo inteiro, entre as quais os que tiveram de abandonar a sua pátria por este ou aquele motivo, ou decidiram tentar a sorte noutras paragens. Cowboys homossexuais existiram, de facto, bem como pistoleiras lésbicas e nativo-americanos de afins preferências sexuais. Em suma, o faroeste era um lugar bem colorido. As histórias de Bud e Terry, Sitting Butch e Calamity Jane e Buffalo Bitch, podiam perfeitamente ter acontecido. Só a parte das vacas suíças em vales viçosos é que é capaz de ter sido inventada.” – Ralf König